Resenha:
Uma colecionadora de cabeças, cujo nome Rosália traz reminiscências da cultura romana, classifica suas peças pelos pensamentos que as povoam. Em sua coleção tem de tudo: botânico, músico, criança, viajante e até uma personagem metódica, que estranha os rostos que não sejam perfeitamente centralizados. Um estranhamento que pode acompanhar também o leitor em toda a leitura, ao deparar-se com as ilustrações das cabeças inspiradas na estética cubista. Este estilo recorre à desconstrução da harmonia facial, abrindo espaço para os rostos serem compostos não apenas por olhos, nariz, boca, orelhas e cabelos, mas também por objetos que povoam o imaginário de cada uma das cabeças da coleção. A narrativa, marcada por convites para que o leitor participe de sua elaboração, aposta no estranho, atenuado por um discreto humor e termina de forma surpreendente.
Resenhista: Luciana Conti
Imagem-chave: páginas 26 e 27