Resenha:
Ecos da prosa de João Guimarães Rosa são ouvidos nesse reconto contemporâneo de “Os três porquinhos”, já em seu título Saga(trissuino)rana. Na prosa roseana seria uma história à semelhança da saga dos três porquinhos, e já na primeira palavra da narrativa, “nonada”, faz uma citação do neologismo que abre o romance “Grande sertão veredas”, significando coisa sem importância. Nessa fábula, construída em uma prosa marcada por elípses, além de palavras inventadas, o lobo não tem protagonismo, já que a maior ameaça não vem dele, mas do homem. É a presença humana que ameaça o verde do cenário montanhês, em que vivem os três porquinhos e seu predador. Uma presença oculta e insinuada apenas em pistas deixadas pelas dramáticas ilustrações, em tons escuros de verde, que ajudam o leitor a preencher as lacunas deixadas propositadamente pelo texto, e a entender o surpreendente desfecho da história.
Resenhista: Luciana Conti
Imagem-chave: páginas 21 e 22